Hoje celebra-se o 75° aniversário do nascimento do poeta Manuel António Pina, autor de uma mais consistentes e imaginativas obras da literatura em língua portuguesa.
Patrono da biblioteca da EBS do Agrupamento de Escolas do Levante da Maia. Um abraço de saudade!
Aqui ficam as fotos do local onde nasceste ,Casa do Castelo,Sabúgal e dos seus jardins,que tanto apreciavas. Um bem-haja ,Manuel António Pina,por fazeres parte do nosso quotidiano!
"Nasci ali, sim, naquela casa. E a minha memória mais antiga que tenho é do Sabugal. Tenho duas memórias muito antigas. Uma é muito vaga... Estas memórias não sabemos se fomos nós que as construímos, ou... Como aquela frase do William James: "A memória é uma narrativa que nós vamos construir com aquilo que desejamos e com aquilo que tememos"..."
Manuel António Pina
O universo das palavras de Manuel António Pina
No Levante da Maia, as palavras do patrono abraçam,envolvem e aconchegam quem por lá passa...
"Às vezes, acontece frequentemente... A minha relação com as palavras, muitas vezes, é deixá-las ir sozinhas. Porque elas acabam sempre por falar sozinhas, e têm lógicas próprias que nós não dominamos totalmente, e que têm a ver com a matéria poética. Dizia também o Valéry que a poesia é uma hesitação permanente entre o som e o sentido. Há palavras mais amigas de outras, verbos que se relacionam melhor com alguns advérbios e outras palavras, não só em termos culturais, mas também pelas sonoridade delas, e sentidos. Há palavras que se dão mal umas com as outras. Se as deixarmos um bocadinho em liberdade acabam por encontrar o seu caminho... Tem a ver com a escrita. Quando escrevemos as coisas vão mais além, o que estava na cabeça era uma coisa e o lugar onde chegamos é outra. Às vezes frustram-me, porque posso sentir que me deixam desiludido, por não corresponderem às expectativas. Nunca sei o que vou dizer, na poesia. Escrevo para saber o que quero dizer, por isso não posso falar de diferença nessa correspondência com o que quero dizer, mas às vezes gostava que elas fossem um bocado, um bocadinho, mais longe. Têm os seus limites. Resistem, e isso pode ser uma forma de frustração. Mas elas têm mais razões de queixa, e frustração, em relação mim do que eu em relação a elas. Eu sou mais infiel às palavras do que elas a mim. Se não me obrigarem a ter uma relação com elas, não digo propriamente ir para a cama com elas, eu frequentemente vou jogar snooker ou ver um jogo de futebol, ou outra coisa qualquer..." Manuel António Pina
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